segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Labirintos



Meus relacionamentos amorosos são como labirintos. Estou sempre procurando uma saída. Perambular pelos os corredores ao léu? nem pensar! Preciso encontrar a saída. Esquerda, esquerda, direita, segue. E foge. E corre.

De repente um campo aberto, a brisa leve, o sol. Está tudo bem, digo a mim mesma. Estamos do lado de fora, sussurra aliviado o coração. E é tão bom se sentir livre, sem precisar planejar cada passo que der, cada esquina que dobrar, sem olhar para os lados e ver paredes, paredes e mais paredes. Vamos ficar aqui pra sempre, prometo.
Olhando para porta pela qual saí reflito sobre todas as artimanhas que usei para conseguir escapar. Suas roupas, sua idade, seus livros, suas músicas, seu signo - pois é, euzinha que nem acredito nessas coisas de sinastria! Usei todos os argumentos lógicos e ilógicos para te (me?) convencer de que tudo ia mal, para continuar fugindo pela esquerda, pela direita e em frente.
Cá estou eu agora, livre.
Sol na pele, relva entre os dedos dos pés, olhos no horizonte. Tão bonito, mas tão longe e tão inalcançável. Estou onde quero estar. Será?
A porta para o labirinto me observa - juro que não observo ela… muito. Sinto seu olhar fixo na minha nuca, que arrepia. Lembro que você dizia:
“Nucas são fascinantes”, correndo os dedos de leve sobre a minha.
“Que bobagem”, eu respondia “Continue procurando uma saída”.
Com um gesto brusco você me prendia contra a parede e insistia:
“E se não tiver uma saída? E se a gente tá destinado a ficar aqui pra sempre?”
Você me assustava. Muito mais com seus olhos e suas palavras do que com sua força. Não pode me culpar por ter fugido, não pode. Não quando eu ainda estou sentada em frente a porta de saída, decidindo se sigo em frente ou faço o caminho inverso. Em versos, talvez.


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