terça-feira, 22 de setembro de 2015

prosa incômoda e deslocada

É uma tarde quente típica de um não-verão. Dessas tardes deslocadas e incômodas. A cabeça dói um pouco de tanto girar em volta dos mesmos pensamentos. Sentada em frente ao computador, que também está quente de tanto carregar os mesmos dados, tento mais uma vez fingir a dor que deveras sinto.
Tem que ser assim, não é mesmo? Tem que inventar, porque é estúpido falar de si mesmo. É estupido fazer da sua vida enredo. Principalmente quando o narrador-personagem é neurótico e infantil.
Mesmo assim, não quero mais escrever sobre amor inventado, acho brega. Infelizmente, amor é o sentimento mais fácil de fingir.
Ah, o poeta é um fingidor…
Mas não sou poeta, não é mesmo? Sou da prosa simples, baixa, suja. Não tem porque fingir nesse caso, não é? Não tem porque não deixar a realidade pouco glamourosa de lado. Não tem porque não dizer em caixa alta: MAS QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO?!
Não consigo mais encontrar motivos para fingir um ar de too cool for school young writer. Não nessa tarde quente de não-verão em que a cabeça dói com os mesmos pensamentos neuróticos de sempre.

domingo, 20 de setembro de 2015

I'd probably still adore you...

... or I did last time I checked.

Engraçado essa minha capacidade de insistir naquilo que não é bom pra mim. Em insistir naquilo que me destrói um pouquinho a cada dia.
Todos os dias, eu me armo da cabeça aos pés com a minha melhor atitude, minhas melhores histórias, minhas melhores qualidades pra enfrentar o meu mundo e o seu mundo de queixo erguido. Mas tudo isso não me impede de me sentir tão pequena perto das coisas que você diz, das coisas que você faz. Ando mendigando seu reconhecimento. Não preciso, eu sei, mas quero mesmo assim.
Eu nem ao menos te quero na minha vida e tento não me importar com por onde você anda, mas por razões que prefiro não investigar o seu olhar pouco impressionado recai sobre cada passo que dou.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

to mr. know-it-all

I can see you walking down the hallway with your all made up authenticity. I can see you trying so hard not to be like everyone else -- just like everyone else is doing.
For a long time I’ve be curious whether you were shy or arrogant. I guess you were just focused on proving to yourself that you are doing it right - you know - being different, being original.
The shitty thing is that no one really cares if you’re an original person or not -- they are deeply engaged in their own journey towards originality.
Why can’t we be alike? Why does everybody need to be special?
I believe we are in the same boat, though. Everyone in the same boat… It would be fun if it wasn’t sinking, darling!
Would you die in an original, special way?
I’m sorry, I don’t need you to try to make sense of my questions. It doesn’t make sense, it doesn’t have to. I don’t want you to understand me, silly boy. That would mean that we have something in common, and - hell no - you’ll let yourself have something in common with me. But, listen, don’t act like you know better, like you’re totally aware of your decisions. You’re not supposed to lie, are you? I guess you’re not, since you didn’t even try to pretend you like me.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

amor em promoção (semi-novo)


O sentimento que você está procurando não está aqui mais. A garota que você está procurando também não está mais aqui.

Difícil evitar o sentimento de perda quando aquilo que você mais queria anos atrás já não te excita ao ser oferecido de bandeja para você no presente.
           O tempo passou para mim, deve ter passado para você também. Não venha me oferecer agora algo que você não pode, não quis oferecer no passado. Talvez hoje o trato pareça mais interessante para você, mas - sinto muito - não para mim.
            Por favor, não ache que eu quero retaliação. Longe de mim.
           O que acontece é que depois de passar tanto tempo querendo algo e não sendo capaz de tê-lo, você começa a questionar o real valor do seu objeto de desejo. Muitas vezes você acaba percebendo que não conseguiria encaixá-lo em nenhum espaço da sua vida. Principalmente quando seus gostos, suas dimensões mudam drasticamente.
            É isso, meu amigo. Não coloque seu objeto tão precioso na promoção. Não preciso do seu amor e não o quero.



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Labirintos



Meus relacionamentos amorosos são como labirintos. Estou sempre procurando uma saída. Perambular pelos os corredores ao léu? nem pensar! Preciso encontrar a saída. Esquerda, esquerda, direita, segue. E foge. E corre.

De repente um campo aberto, a brisa leve, o sol. Está tudo bem, digo a mim mesma. Estamos do lado de fora, sussurra aliviado o coração. E é tão bom se sentir livre, sem precisar planejar cada passo que der, cada esquina que dobrar, sem olhar para os lados e ver paredes, paredes e mais paredes. Vamos ficar aqui pra sempre, prometo.
Olhando para porta pela qual saí reflito sobre todas as artimanhas que usei para conseguir escapar. Suas roupas, sua idade, seus livros, suas músicas, seu signo - pois é, euzinha que nem acredito nessas coisas de sinastria! Usei todos os argumentos lógicos e ilógicos para te (me?) convencer de que tudo ia mal, para continuar fugindo pela esquerda, pela direita e em frente.
Cá estou eu agora, livre.
Sol na pele, relva entre os dedos dos pés, olhos no horizonte. Tão bonito, mas tão longe e tão inalcançável. Estou onde quero estar. Será?
A porta para o labirinto me observa - juro que não observo ela… muito. Sinto seu olhar fixo na minha nuca, que arrepia. Lembro que você dizia:
“Nucas são fascinantes”, correndo os dedos de leve sobre a minha.
“Que bobagem”, eu respondia “Continue procurando uma saída”.
Com um gesto brusco você me prendia contra a parede e insistia:
“E se não tiver uma saída? E se a gente tá destinado a ficar aqui pra sempre?”
Você me assustava. Muito mais com seus olhos e suas palavras do que com sua força. Não pode me culpar por ter fugido, não pode. Não quando eu ainda estou sentada em frente a porta de saída, decidindo se sigo em frente ou faço o caminho inverso. Em versos, talvez.